sábado, 26 de maio de 2012


MARIANA TRIGO
Enquanto as demais emissoras de TV aberta se distanciam cada vez mais do universo infantil em suas programações, o SBT colhe o êxito de seu investimento em uma adaptação de qualidade. Com excelentes 13 pontos de média em sua estreia, Carrossel, adaptada por Íris Abravanel, disparou na audiência e ocupa o segundo lugar isolado no horário nobre. Com cenários bem acabados e multicoloridos, que enchem os olhos da criançada, a fictícia Escola Mundial mais parece um atraente parque infantil e seduz até os mais velhos. Cores quentes, uniformes impecáveis e uma cenografia bem resolvida acolhem visualmente com uma direção correta de Reynaldo Boury.
O mesmo se pode dizer dos cenários das casas dos alunos, que muitas vezes lembram produções de "cartoon", com toques de contos de fadas. Já a casa da professora Helena, vivida pela carismática Rosanne Mulholland, como a amável educadora e protagonista, se assemelha à estética do longa O Fabuloso Destino de Amélie Poulain - de Jean-Pierre Jeunet -, com alguns toques retrô, o que reforça a ingenuidade prestativa da personagem.
Contornada por ótima trilha sonora, com canções como Fico Assim Sem Você, interpretada por Adriana Calcanhoto, ou Não é Proibido, na voz de Marisa Monte, a produção se destaca principalmente por assumir todos os seus clichês. Afinal, os simbolismos do universo infantil são recheados de maniqueísmos. Na história, a exaltação da equivalência entre classes sociais, raças e religiões é tratada sem didatismos e ocorre de forma natural. Com personagens que representam a pluralidade na convivência entre negros, judeus, japoneses e americanos. Nessa diversidade, cabe até a personagem gordinha Laura, vivida por Aisha Benelli.
No elenco infantil, muitos atores mirins se destacam, como a esnobe Maria Joaquina, de Larissa Manoela, ou o ingênuo e simpático Cirilo, de Jean Paulo Campos, em seus habituais conflitos da infância. Já Maísa Silva, a aposta da emissora desde que começou a apresentar programas no SBT, não surpreendeu como a serelepe Valéria. Com malcriadez e "bullings" dos personagens mais rebeldes, como esconder animais peçonhentos para dar sustos nas professoras ou roubar a boneca da irmã, a trama cresce por não se distanciar do comportamento mais genuíno dessa idade.
Com isso, a produção ainda consegue exaltar o lúdico da infância e deixar para trás a cada vez mais frequente apologia à "adultização", com meninas se comportando como mulheres e se vestindo como "periguetes". Mais um mérito da trama originalmente mexicana, produzida pela Televisa em 1989 e exibida no Brasil, pela primeira vez, entre 1991 e 1992, também no SBT.



Entra no ar, nesta segunda-feira, 21 de maio, a versão brasileira da novela Carrossel, produzida pelo SBT. A história mexicana, exibida nos anos 1990 no Brasil, foi adaptada por Íris Abravanel, com a direção de Reynaldo Boury. A atriz Rosanne Mulholland vive a professora Helena, já os alunos serão interpretados por crianças selecionados pela produção do SBT. Apenas a menina Maísa Silva, que será Valéria, é conhecida do grande público. Também no elenco infantil estarão a filha da cantora Simony, Aysha Benelli, e outras 15 crianças.
Na versão do SBT, os principais dramas e amores da história original serão mantidos, como a paixão não correspondida de Cirilo (Jean Paulo Campos) por Maria Joaquina (Larissa Manoela) e o preconceito da menina contra o colega, por causa do tom de sua pele. Outras tramas, entretanto, sofrerão adaptações. A professora Suzana (Lívia Andrade) será rival de Helena e vai atrapalhar o romance dela com o professor de música René (Gustavo Wabner).
De acordo com reportagem do jornal O Dia, a ideia de fazer a versão brasileira de Carrossel veio de dentro da casa de Sílvio Santos. Daniela Beyruti, diretora artística do SBT e filha de Íris e Silvio, foi quem sugeriu à mãe. “Me lembro de acordar de madrugada com a Daniela chorando, porque tinha sonhado que o Cirilo era maltratado pela Maria Joaquina”, contou a autora.
A trama vem sendo produzida desde o segundo semestre do ano passado. Inicialmente, estrearia em janeiro, mas a programação foi alterada. Com isso, grande parte dos capítulos já foi gravada. No total, serão 260, cada um orçado em R$ 200 mil. A adaptação vai ao ar às 20h30.